Blog

Blog with news and perks of my work, please enjoy!

Short Stories

Lançamento do disco “Short Stories”

É com enorme prazer que apresento o meu novo disco Short Stories!

“Short Stories” é uma colecção de temas curtos que têm por ponto comum evocarem uma pequena história em si, com uma linguagem muito cinematográfica.

Esta coleção parte da vontade de não deixar engavetados alguns temas que, na minha opinião, têm algum valor artístico fora dos projectos a que estavam inicialmente afectos. 

É também um testemunho da minha evolução artística, da qual se poderá retirar aquilo que me define enquanto músico e compositor. Agora estas histórias passam a ser também vossas, espero que gostem de ouvi-las tanto como me deu prazer criá-las!

Link: Short Stories



English please!

It is with great pleasure that I present my new record “Short Stories”!

“Short Stories” is a collection of short pieces which have the common point of evoking a small story in itself, with a very cinematic language.

This collection comes from the desire to release archived music that, in my opinion, has some artistic value outside the projects in which they were initially involved.

It is also a testament to my artistic evolution, from which one can draw what defines me as a musician and composer. Now, these stories are also yours. I hope you enjoy hearing them as much as it gave me pleasure to create them!

Häuschen - a Banda Sonora

Notas sobre a criação da banda sonora original

O filme abre com uma panorâmica da floresta ameaçadora, debaixo da chuva, seguida de uma espécie de lenhador a saborear um jantar “ossudo”, na sua casa no meio da floresta. Era importante criar aqui o ambiente do filme, misterioso, desconfortável, e opressivo. Para além das texturas friccionadas das cordas, temos uma melodia aguda e inquietante a surgir nos violinos. Este tema “do mistério” surge ao longo do filme, sempre a relembrar esta atmosfera, é um pequeno motivo que sofre transformações ao estilo de Bernard Herrmann, um dos compositores de eleição de Alfred Hitchcock, que tem ao longo do filme várias homenagens. Seguem elementos de sound design que se fundem com a música com vozes, como que um chamamento para o lenhador. Aqui misturamos elementos não diegéticos (a música, que as personagens não houvem) com elementos diegéticos (as vozes, que chamam a atenção do lenhador). Para reforçar o elemento de conto surreal, uso também um instrumento  típico para este tipo de atmosferas, o waterphone. Para fechar a cena, uma espécie de chamamento maléfico com instrumentos de sopro (madeiras) graves.

Esta tema seria o tema da herança. Evoca algo de antigo, misterioso mas também lírico. O violoncelo que toca a 1ª parte do tema serve a parte lírica, no entanto na repetição do tema temos uma contra-melodia  tocada no violino que é um pouco desconcertante, que cria a sensação que  algo não está certo. A 2ª parte do tema representa a “valsa” dos nossos protagonistas, que tentam dançar até ao fim desta peripécia, com um final agri-doce. Esta tema, que acabou por não ser usado no filme, funciona como um resumo do filme, e foi importante para definir a tonalidade geral da música e das texturas e timbres. O violoncelo viria a ser usado brevemente como tema da herança na faixa “Murder” e “Wicked End Credits”, para o clímax do filme.

Voltamos ao tema e ambiente da abertura, agora com um desenvolvimento mais lírico, a representar a relação entre os dois “jovens” protagonistas. Os sons estranhos de “harpa” que se ouvem, são na verdade as cordas de um piano vertical desmontado, gravado numa garagem que estava abandonado à saída do estúdio! O instrumento perfeito para criar sons misteriosos e estranhos, e assim reforçar o efeito de “conto de fadas”, fazendo parte do sound design de todo o filme.

Uma evolução da “Crumbs Valse”, tocada essencialmente ao piano mas com texturas de cordas e voz por trás. Foi criada para o “momento musical” do filme, em que a protagonista dança no meio da floresta, à chuva. Uma espécie de “danse macabre”, para criar um momento bonito mas sempre inquietante, um momento de relaxamento contido que antecede a cena mais tensa do filme.

Aqui a subtileza fica toda para trás. A ideia é construir dois momentos em que a tensão vai subindo, em que o tempo acelera e o perigo é eminente. É mais um momento à Hitchcock (mais precisamente a murder scene do Psycho!), em que a violência das cordas mimam a violência da cena. As vozes e o “piano desmontado” ajudam a criar a atmosfera de caos e misticismo. A cerca de 1m, temos o tema da Herança, lírico e saudoso, representando a maldição inevitável que sela o destino dos protagonistas. No fim, o ritual é cumprido…

Fechamos o filme com uma dança diabólica, a exaltação das bruxas, o desfecho desta história, em que a Herança volta a ganhar e a “cantar” vitória. Aqui desenvolvi o tema da herança que ouvimos a meio da faixa Murder, fazendo a ponte com a cena anterior. O tom relativamente grandioso e épico do tema contrasta com a música ouvida anteriormente, mas a ideia era transmitir a sensação de euforia, portanto dificilmente seria subtil. Penso que é importante, quando apropriado, acabar em grande e tentar de certa forma marcar o público com um final forte, sobretudo para uma história do reino do sobrenatural...!


Espero que tenham gostado! Na minha opinião, é sempre mais interessante dar algum contexto à música, sabendo que ela foi criada não para existir por si só, mas sim para ajudar e enaltecer uma história que é um conjunto não só de música, mas também de imagem, som, caracterização, representação e narrativa.

É um esforço tremendo conseguir produzir algo digno da 7ª arte, e a equipa do Häuschen a Herança está de parabéns pelos prémios e reconhecimento arrecadado até ao momento pelo filme.